terça-feira, 3 de junho de 2014

Fenômeno Religioso

Conforme Chauí (2000) o Fenômeno Religioso está presente em todas as culturas, em todo o tempo. A experiência religiosa começa com o sagrado. O homem se vê em uma necessidade de buscar em um ser superior o refúgio para suas limitações, e então essa atitude em relação ao sagrado é organizada como religião.
Este fenômeno pode se manifestar de diversas formas: na política, na sociedade, no bem e no mal. É um sistema comum de crenças. Para ser religioso não basta apenas acreditar em Deus, mais que isso, é reconhecer a necessidade de comunicação com ele.
O Sagrado está quase sempre relacionado à ideia de santidade, pois o sagrado é tudo aquilo que se venera e que se tem adoração. Muitas vezes o sagrado pode ser representado em alimentos, objetos, lugares, animais, entre outros. Sendo assim, o sagrado se opõe ao profano, pelo simples fato dos profanos serem todos os atos e relações humanas que não estão relacionadas ao culto à divindade.
Nota-se que, para os religiosos, é muito válido e essencial ter este “ser superior” como refúgio, pois ele ordena tudo para melhor, assim trazendo algum tipo de esperança. Para estes homens crentes, faz-se necessário acreditar em algo “maior”, ou “superior”, pois tudo aquilo que acontece, e eles não tem uma explicação compreendida pela ciência, por exemplo logo será nomeado como o sobrenatural. As ideias religiosas ajudam esses seres humanos a serem um tanto quanto “fortes”, pelo fato de lidarem melhor com o caos, devido à sua fé no sagrado. O sofrimento humano, com todas as suas lutas, dores, decepções, limitações, fracassos e doenças, encontra na religião condição para suportar essa realidade, não eliminando o sofrimento da vida humana, mas acreditando que essa angústia não seja em vão.
O homem, na busca do existir, apela para o transcendental, para o Divino, pois só assim ele encontra sentido e completude. O homem tem carência dessa vivência que pode levá-lo ao êxtase, desse contato com o todo, com o absoluto. A certeza de sua finitude eleva a necessidade de crença em Deus, auxiliando também na sua necessidade de alívio das crises existenciais. É importante frisar que nas crenças religiosas encontram-se o sagrado, o mito e o rito, três referências para os costumes e modos de conduta religiosa,
sendo, portanto variados e utilizados conforme a cultura religiosa em questão. Assim essas posturas estão cercadas de fascínio e mistério.

O fenômeno religioso é explicitamente verificado desde os primórdios da vida humana na Terra até os dias atuais, e em todas as culturas e lugares. Configura-se como a necessidade do transcendente. Quando o ser humano deixa de pensar racionalmente e não acha mais explicações para determinadas ocorrências, surge à fé (Abreu, 2014). Tendo isso como base é “comum percebermos que a questão religiosa está ocupando um espaço considerável” (JUNIOR, 2006, p. 27) em nosso cotidiano.

Por outro lado, de acordo com (Brustolin), é pela religião que surge os maiores benfeitores em defesa da vida, promovendo a busca dos direitos humanos e a promoção da paz entre os povos, através de ações comunitárias e combate a miséria, ações estas realizadas por grupos religiosos. 

Por: Alunos do Curso de Psicologia - 2º período - Centro Universitário Newton Paiva


Fonte: O fenômeno religioso sob a leitura da psicanálise Freudiana
Caroline Gonzaga Torres

Referências:

BRUSTOLIN, Leomar A. Religião e Cultura. Sem data.

ABREU, Edivaldo Siqueira de. O Fenômeno Religioso. http://meuartigo.brasilescola.com/religiao/o-fenomeno-religioso.htm. Data do último acesso: 13 de maio de 2014.
LARA-JUNIOR, Nadir. Análise Psicossocial da Religião como um dos Fundamentos Políticos das Ações Coletivas no Brasil: A Mística do MST. São Paulo: PUC-SP, 2006.




Psicanálise

A Psicanálise é uma área do conhecimento autônomo, que surgiu com o intuito de tratar desequilíbrios psíquicos e de entender o funcionamento mental como um todo (Rubem Q. Cobra, 2003). Caracteriza-se pelo método interpretativo, no qual o foco é a busca pelo significado oculto daquilo que é notado por meio de ações, palavras e imaginações, assim como sonhos e delírios. Esta é uma nova forma de ver e pensar o mundo, as neuroses, a infância, a sexualidade, os relacionamentos humanos, a subjetividade, a sociedade, e se transformou em um método de tratamento de diversos transtornos mentais. A Psicanálise é um exemplo relevante para a análise e o entendimento de fenômenos sociais, como o excesso de individualismo no mundo contemporâneo e agravamento da violência.

A característica essencial da ocupação psicanalítica é o descobrimento do inconsciente e a junção/união de seus conteúdos na consciência. São através destes conteúdos que são identificadas as condutas dos homens. O inconsciente possui um papel significativo em relação à Psicanálise, estando presente nas mais diversas e ricas expressões do ser humano, e também podem representar fontes de sofrimento que se manifestam na forma de sintomas reconhecíveis como a angústia e fobia. Em um tratamento psicanalítico, com a ajuda do analista e de técnicas especiais, os conteúdos inconscientes são de certa forma organizados, para assim obter a satisfação e o bem estar de quem está sendo analisado.
Referências:


Cobra, Rubem Q. - A Psicanálise. COBRA PAGES: www.cobra.pages.nom.br, Brasília, 2003.
("Geocities.com/cobra_pages" é "Mirror Site" de COBRA.PAGES)

Psicanálise e Religião

Os psicanalistas, Freud e Lacan, possuem uma mesma ideia quando o assunto é Psicanálise e Religião, ambos partem da ideia de que ao ser humano falta algo e que dificilmente seu desejo é completo e realizado. Portanto o sujeito acaba sendo limitado, faltoso e finito. A Psicanálise, observando esse sujeito, nos faz pensar na religião enquanto aquilo que oferece o complemento desta falta estabelecida do sujeito. Percebendo o desejo como impossível de ser satisfeito completo e permanentemente, a religião, acaba sendo um convite à ilusão da estabilidade da completude. A religião, então acabou sendo relacionada à salvação, a incansável busca por um ser completo e consistente com si. Essa ideia de Deus nos mostra um Outro que nos protege da necessidade de amparo, da situação de impotência. 

Segundo Tarcisio Andrade, a religião era vista por Freud como uma manifestação neurótica, uma neurose conjunta, a obsessão, então, é a religião particular do neurótico. Podemos compreender então que, se de um lado nos apegamos à religião como meio de defesa do conflito neurótico, por outro podemos encontrar na religião um campo que favorece para uma neurose ou psicose. A partir dessa ambiguidade, podemos deixar referir a experiência religiosa à causa de uma neurose, transferindo-a para o sujeito, no qual a organização psíquica já frágil encontra na religião a resposta ao seu desamparo fundamental. Ao tratarmos a religião como a causa de uma neurose, retiramos a responsabilidade do sujeito por seu próprio sintoma, da mesma forma que ao buscarmos na religião um encontro com Deus, sugere deixar de assumir minha própria indeterminação, para me alienar na figura do outro.
O ser humano sempre procurou compreender o mundo ao seu redor buscando, para isso, a diversos Deuses. Isso porque, o homem não pode conhecer-se sem se referir a uma alteridade, ao Outro, ao além. Para a Psicanálise, o sujeito busca esta forma de crença no Outro plenamente consistente, que suponhamos possuir todo o saber faltoso para o sujeito, saber este que é capaz de nos dar o porquê e o como de nosso sofrimento, tornando-o assim nítido nosso destino. A Psicanálise, sempre observando o dinamismo cultural, se manteve no meio do debate em relação às modificações realizadas pela modernidade e as suas novas maneiras de representação do sujeito. Assim novas perspectivas em relação à religiosidade são oferecidas pela Psicanálise e pela Teologia.
Para Freud, “a religião é a neurose obsessiva universal” (Freud, 1907, p. 109), o que mostra que a religião busca obsessivamente a figura do pai idealizado da infância. Partindo dessa ideia de que a crença em Deus é a busca por essa figura paterna, onde se tem a garantia de segurança e proteção, por outro lado, o choque da realidade nos liberta de um Pai distante, que afeiçoa por sacrifícios. 

Referências:

FURTADO, Odair; BOCK, Ana Mercês Bahia; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo de Psicologia -  (O que é Psicanálise? Cap. 5)

ANDRADE, Tarcisio. Psicanálise e religião/Psychoanalysis and religion.
SILVA, Oliver Schmidt. Psicanálise e a Religião: algumas contribuições.

 Freud, S. (1907). Acciones obsessivas y practicas religiosas. In: Obras completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1976, p. 109. 

Psicologia Existencial

Autores: Cristina Batista; Larissa Ferreira; Luciane sores; Rayane de Melo.

O termo existência, essência é o princípio fundamental do Existencialismo, doutrina filosófica que trata da reflexão sobre a existência humana, centrado numa análise do homem em particular e individual. “[...] O existencialismo seria menos uma doutrina, no sentido próprio do termo, do que um filosofar, uma maneira de o homem se expor a si mesmo, reconhecendo-se autenticamente nesse ato”. (PENHA, 1996, p. 13).

Segundo Penha, o Existencialismo pode ser visto também como um fenômeno do pós-guerra, uma vez que as ideias Existencialistas ganharam força e se propagaram rapidamente pelo Continente Europeu no período da Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade sofreu uma grande transformação. Estendeu-se pelo resto do mundo e se fortaleceu, visto como compreensão e esclarecimento para o momento crítico vivido não apenas como uma corrente de pensamento, mas também como um estilo de vida.
O emprego arbitrário do vocabulário “existencialista” acabou, assim, por transforma-lo num dos mais equívocos do léxico filosófico. Não é fácil, portanto, num trabalho introdutório, defini-lo em todos os seus aspectos e nuances, despojando-o das ideias preconcebidas e fantasiosas que ainda hoje cercam. (PENHA 1996, p.9).
O Existencialismo pode ser dividido entre duas linhas de pensamento: o cristão, que aborda as ideias de Kierkegaard, Marcel e Jaspers, e o ateu, que preconiza as ideias de Heidegger, Satre e outros filósofos franceses, além da incorporação da “fenomenologia” de Edmund Husserl.
Para Heidegger, a única certeza é a de que o homem existe, e, que é o único ser capaz de se angustiar. Essa angústia, segundo ele, é resultante das suas limitações temporais e da falta de controle sobre o futuro. É ela que revela a autenticidade do seu ser: “- A angústia revela o ser autêntico, e a liberdade leva o homem a escolher a si mesmo e governar a si mesmo. E é na morte – última situação limite do homem - que ele se totaliza, não podendo jamais experimentar a morte alheia”.
Já para Sartre, ao contrário dos animais, no homem, a existência precede a essência, pelo simples fato de que ele é livre. A cada momento ele tem que escolher o que será no instante seguinte. Não há como fugir dessa escolha, pois a recusa em escolher, já é uma escolha. O homem deve ser inventado todos os dias.
No entanto, os que mais se destacaram foram Jaspers e Marcel, pela escolha individual e concreta da existência humana como base de suas reflexões.
O existencialismo pode ser considerado assim, um conjunto de ideias que coloca no ser humano a responsabilidade por se construir e por seus atos. Não há desculpas e justificativas para nossas ações. O que somos ou o que fazemos não é produto de nossa infância, de nossa criação, do destino ou da divindade. Estamos sozinhos, lançados no mundo, para nos inventar, pois não há nada anterior à nossa existência para definir o que somos. O existencialismo é uma doutrina de ação, onde a angústia e o desespero são um ativo que impulsionam o homem a agir.

Referências:

PENHA, João da. O que é existencialismo. 12 ed. São Paulo: Ed. Brasilense, 1996, 88p.


ANGERAMI, Valdemar Augusto-Camom, Vanguarda em Psicoterapia Fenomenologia-Existencial. São Paulo, Pioneiro Tomson Leaming, 2004.

Psicologia Existencial e Religião

Muito criticado pela igreja, que o julgava como uma doutrina que ameaçava os fundamentos da fé cristã, o Existencialismo apoiava-se na reflexão de que a existência humana precisava ser considerada em seu aspecto particular, individual e concreto, ou seja, o homem precisava ser visto como um indivíduo único, separado em si mesmo, embora mergulhado na sociedade.
O Existencialismo pode ser dividido entre duas linhas de pensamento: o cristão, que aborda as ideias de Kierkegaard, Marcel e Jaspers, e o ateu, que preconiza as ideias de Heidegger, Satre e outros filósofos franceses.

Segundo Penha, para Kierkegaard, a existência humana se estabelece em três estágios: o estético, o ético e o religioso. No estágio estético o homem busca um sentido para sua existência, atuando sob um total domínio dos sentidos e sentimentos, ao bel prazer, fazendo suas “escolhas” embasado em suas próprias regras, e, que, no íntimo, descobre que em vez de se libertar, aprisiona-se numa existência vazia, desesperando-se. No entanto, esse desespero, que para Kierkegaard é o que distingue o ser humano do animal, o impulsiona para a fase ética, acreditando que isso o libertará do marasmo existencial, pois a vida não é um jogo e cada um deve responsabilizar-se por seus atos. No entanto, a ética realiza o homem somente quanto “sociedade” e não como “pessoa humana”, pois limita-se as regras estabelecidas pela sociedade. Somente no estágio seguinte é que o homem se realiza plenamente: no religioso. Somente nesta fase é que o homem alcança uma relação íntima com o “Absoluto”. Deus torna-se a “regra” do indivíduo, única fonte de realização plena, pois a razão humana é impotente para guiar suas próprias ações.

Relação da Psicologia Existencial e Religião

O existencialismo ateu, segundo Sartre, não quer provar a inexistência de Deus. Concebe sim, a convenção de que é necessário que o homem creia que nada pode salvá-lo de si próprio, nem mesmo uma prova incontestável da existência de Deus.
Segundo Usarki (2002), é inadequado pensar em uma definição fechada de religião, ele opta por um conceito aberto capaz de superar um entendimento pré-teórico que generaliza fenômenos religiosos. Seu conceito de religião é baseado em elementos fundamentais: sistemas simbólicos, nas dimensões particulares como fé, institucional, ritualista, na religiosa e ética, e as funções religiosas.
De acordo com Giovanetti (2004), o psicólogo deve ter no seu horizonte dois aspectos. Primeiro a clareza sobre o que vai observar na estrutura e na função interna da religiosidade individual. Sendo assim o psicólogo deve ter uma compreensão das tradições religiosas. Procurar ter um conhecimento dessas tradições religiosas é decisivo para que o profissional da Psicologia consiga entender como o religioso permeia toda a organização da vida pessoal de seu cliente. Esse, talvez, seja um desafio gigantesco para aquele profissional que no seu período acadêmico ignorou o papel da religião na vida humana, e mais: adquiriu a convicção, por meio da adesão às mais modernas teorias psicológicas, de que a vida não possui uma dimensão de transcendência.

Referência


BRUSTOLIN, Leomar A., Religião e Cultura (s/d).

Psicologia Humanista

Autores: Eliane Ferreira da Silva; Fabiana Alves; Gabriela Nunes; Jacqueline de Oliveira Dutra; Karen Ferreira.

A teoria da Psicologia Humanista teve seus fundamentos primários originados no início da Idade Moderna a partir dos princípios basilares do Humanismo. Este movimento surgiu como resposta a uma necessidade do homem de compreender-se como um ser pleno. Esse questionamento surgiu após o homem ter sentido os baques que lhe tiraram a ilusão sobre o antropocentrismo (o homem como o centro do mundo) e ver cair por terra a teoria e prevalência dos valores religiosos que sustentavam o Teocentrismo (Deus como o centro de tudo).
Nasce assim o Humanismo, uma resposta de ruptura, com essa visão de antes e de uma necessidade de afirmação e de existência. Esses acontecimentos de percepção do homem diante da vida começaram a borbulhar no pensamento vigente na época do Renascimento. Acontece então uma mudança súbito na maneira do homem de perceber a si próprio: o homem conscientiza-se de sua capacidade de atuar e de modificar a realidade a sua volta, deixando de lado o papel de agente premido por limitações diante da sua vivência no mundo. O homem passa, então, a questionar, a pensar por si próprio, a buscar respostas, surgindo novas posturas, o senso de liberdade e a auto expressão. 

Nasce a teoria da Psicologia Humanista, que surge de duas correntes de pensamento emergentes da época: A Escola Americana e a Escola Europeia. Como precursores da Psicologia Humanista destacam-se Abraham Maslow, Carl Rogers (escola americana) e Henri Louis Bergons (escola europeia). Todas, de maneira convergente, criticavam os modelos mecanicistas e finalistas.
Na evolução da Psicologia, identificamos três momentos distintos: em primeiro lugar a revolução que gerou o Behaviorismo (1913), que teve como grande protagonista B. F. Skinner. O Behaviorismo de Skinner era uma Ciência radical, que contestava a existência da consciência, da alma e da mente.
A segunda revolução aparece por idealização de Sigmund Freud (1856 – 1936) que dividia o psiquismo em três partes: o Id – Ego – Superego. Teoria voltada ao inconsciente que minimizava a consciência, levando a entender que o homem era um ser comandado pelo seu inconsciente, não sendo, portanto, senhor de seus desejos, sentimentos e ações.
A terceira revolução, ou a terceira força, é a Psicologia Humanista, que desponta nos meados do século XX, com a missão de romper com estas duas escolas de pensamento: mecanicista e determinista. A teoria Humanista tem o intuito de fortalecer sua importância na Psicologia Acadêmica, mas seus pressupostos eram centrados na consideração da vida humana, em que o ser humano possui uma dinâmica em cada fase de sua vida de alcançar certo grau de realização, formando um ser pleno e integrado em constante evolução para compreensão de sua totalidade. 

Referências:

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Tradução Rogério Fernandes. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1992.

GOTO, Tommy Akira; GIANASTACIO, Vanderlei. A Transcendência Divina na Vivência do Homem: Perspectiva da Psicologia Humanista-Existencial. Disponível em: HTTPS://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio03/a-transcendencia-divina-na-vivencia-do-homem-perspectiva-da-psicologia-humanista-existencial. Acessado em 26/04/2014, 20h00minh.

KAHHALE, Edna; M. Peters (Org.). A Diversidade da Psicologia: Uma Construção Teórica. São Paulo: Cortez, 2002.


SCHULTS, DuaneP; SCHULTS, Sidney Ellen. História da Psicologia Moderna. São Paulo, Ed. CENGAGE, 2013.

Psicologia Humanista e Religião

Existe claramente uma interface entre a Psicologia Humanista e Religião. A Psicologia Humanista encontra-se voltada para a valorização do homem como senhor pleno e absoluto de si mesmo. Nesta concepção o homem é um sujeito consciente e capaz de se auto realizar através da compreensão de seu eu profundo e de suas potencialidades. Um ser que caminha sempre em busca de desenvolvimento por encontrar-se dotado de capacidades ilimitadas de crescimento. Essas afirmações foram percebidas através da abordagem psicoterapeuta de Maslow e Rogers, sendo que, com Maslow particularmente, em seus trabalhos publicados com Rogers no atendimento clínico.

A Religião, por sua vez, prioriza a consciência como fator de responsabilidade moral do homem probo, sujeito honesto, íntegro e correto, que respeita as leis divinas e o próximo. Segundo Eliade, uma crença religiosa também é sentida como algo sagrado capaz de curar e aliviar as dores e culpas, que eleva o ser ao transcendental, que o liberta do profano. Esta demanda persegue o homem desde suas origens primárias no mundo.
A Psicologia Humanista ainda aponta para uma capacidade de transcendência, posto que o homem auto realizado seria um ser dotado de capacidade de ir em busca de ideias superiores como o amor, a esperança, a felicidade e a generosidade, fatores que comungam de pleno acordo com a religião, que também deseja aflorar essas capacidades maiores no ser humano além de vê-lo espiritualizar se, ter gratidão e respeito ao próximo.
Outro detalhe em comum é que a Psicologia humanista e a Religião percebem a necessidade de mecanismos de correção no percurso do ser humano. A Psicologia Humanista quando afirma que o sujeito é saudável, mesmo não estando em posição de auto realizado o tempo todo, sendo o mesmo consciente e sensível à percepção de contrários durante a sua existência e ainda assim capacitado a seguir adiante superando os obstáculos da vida. Neste ponto a religião indicaria de certa forma a mesma direção de enfrentamento das adversidades, ter fé em Deus e fazer uma resinificação, como se diria em Psicologia utilizando-se da resiliência.

Referências:

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Tradução Rogério Fernandes. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1992.

GOTO, Tommy Akira e GIANASTACIO, Vanderlei. A Transcendência Divina na Vivência do Homem: Perspectiva da Psicologia Humanista-Existencial.
Disponível em: HTTPS://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio03/a-transcendencia-divina-na-vivencia-do-homem-perspectiva-da-psicologia-humanista-existencial. Acessado em 26/04/2014, 20h00minh.
KAHHALE, Edna; M. Peters (Org.). A Diversidade da Psicologia: Uma construção teórica. São Paulo: Cortez 2002.


SCHULTS, Duane P.; SCHULTS, Sidney Ellen. História da Psicologia Moderna. São Paulo, Ed. CENGAGE, 2013.