terça-feira, 3 de junho de 2014

Psicologia Existencial e Religião

Muito criticado pela igreja, que o julgava como uma doutrina que ameaçava os fundamentos da fé cristã, o Existencialismo apoiava-se na reflexão de que a existência humana precisava ser considerada em seu aspecto particular, individual e concreto, ou seja, o homem precisava ser visto como um indivíduo único, separado em si mesmo, embora mergulhado na sociedade.
O Existencialismo pode ser dividido entre duas linhas de pensamento: o cristão, que aborda as ideias de Kierkegaard, Marcel e Jaspers, e o ateu, que preconiza as ideias de Heidegger, Satre e outros filósofos franceses.

Segundo Penha, para Kierkegaard, a existência humana se estabelece em três estágios: o estético, o ético e o religioso. No estágio estético o homem busca um sentido para sua existência, atuando sob um total domínio dos sentidos e sentimentos, ao bel prazer, fazendo suas “escolhas” embasado em suas próprias regras, e, que, no íntimo, descobre que em vez de se libertar, aprisiona-se numa existência vazia, desesperando-se. No entanto, esse desespero, que para Kierkegaard é o que distingue o ser humano do animal, o impulsiona para a fase ética, acreditando que isso o libertará do marasmo existencial, pois a vida não é um jogo e cada um deve responsabilizar-se por seus atos. No entanto, a ética realiza o homem somente quanto “sociedade” e não como “pessoa humana”, pois limita-se as regras estabelecidas pela sociedade. Somente no estágio seguinte é que o homem se realiza plenamente: no religioso. Somente nesta fase é que o homem alcança uma relação íntima com o “Absoluto”. Deus torna-se a “regra” do indivíduo, única fonte de realização plena, pois a razão humana é impotente para guiar suas próprias ações.

Relação da Psicologia Existencial e Religião

O existencialismo ateu, segundo Sartre, não quer provar a inexistência de Deus. Concebe sim, a convenção de que é necessário que o homem creia que nada pode salvá-lo de si próprio, nem mesmo uma prova incontestável da existência de Deus.
Segundo Usarki (2002), é inadequado pensar em uma definição fechada de religião, ele opta por um conceito aberto capaz de superar um entendimento pré-teórico que generaliza fenômenos religiosos. Seu conceito de religião é baseado em elementos fundamentais: sistemas simbólicos, nas dimensões particulares como fé, institucional, ritualista, na religiosa e ética, e as funções religiosas.
De acordo com Giovanetti (2004), o psicólogo deve ter no seu horizonte dois aspectos. Primeiro a clareza sobre o que vai observar na estrutura e na função interna da religiosidade individual. Sendo assim o psicólogo deve ter uma compreensão das tradições religiosas. Procurar ter um conhecimento dessas tradições religiosas é decisivo para que o profissional da Psicologia consiga entender como o religioso permeia toda a organização da vida pessoal de seu cliente. Esse, talvez, seja um desafio gigantesco para aquele profissional que no seu período acadêmico ignorou o papel da religião na vida humana, e mais: adquiriu a convicção, por meio da adesão às mais modernas teorias psicológicas, de que a vida não possui uma dimensão de transcendência.

Referência


BRUSTOLIN, Leomar A., Religião e Cultura (s/d).

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