Muito criticado pela
igreja, que o julgava como uma doutrina que ameaçava os fundamentos da fé
cristã, o Existencialismo apoiava-se na reflexão de que a existência humana
precisava ser considerada em seu aspecto particular, individual e concreto, ou
seja, o homem precisava ser visto como um indivíduo único, separado em si
mesmo, embora mergulhado na sociedade.
O Existencialismo pode ser dividido entre duas linhas de
pensamento: o cristão, que aborda as ideias de Kierkegaard, Marcel e Jaspers, e
o ateu, que preconiza as ideias de Heidegger, Satre e outros filósofos
franceses.
Segundo
Penha, para Kierkegaard, a existência humana se estabelece em três estágios: o
estético, o ético e o religioso. No estágio estético o homem busca um sentido
para sua existência, atuando sob um total domínio dos sentidos e sentimentos,
ao bel prazer, fazendo suas “escolhas” embasado em suas próprias regras, e,
que, no íntimo, descobre que em vez de se libertar, aprisiona-se numa
existência vazia, desesperando-se. No entanto, esse desespero, que para
Kierkegaard é o que distingue o ser humano do animal, o impulsiona para a fase
ética, acreditando que isso o libertará do marasmo existencial, pois a vida não
é um jogo e cada um deve responsabilizar-se por seus atos. No entanto, a ética
realiza o homem somente quanto “sociedade” e não como “pessoa humana”, pois
limita-se as regras estabelecidas pela sociedade. Somente no estágio seguinte é
que o homem se realiza plenamente: no religioso. Somente nesta fase é que o
homem alcança uma relação íntima com o “Absoluto”. Deus torna-se a “regra” do
indivíduo, única fonte de realização plena, pois a razão humana é impotente
para guiar suas próprias ações.
Relação
da Psicologia Existencial e Religião
O
existencialismo ateu, segundo Sartre, não quer provar a inexistência de Deus.
Concebe sim, a convenção de que é necessário que o homem creia que nada pode
salvá-lo de si próprio, nem mesmo uma prova incontestável da existência de
Deus.
Segundo Usarki (2002), é
inadequado pensar em uma definição fechada de religião, ele opta por um
conceito aberto capaz de superar um entendimento pré-teórico que generaliza
fenômenos religiosos. Seu conceito de religião é baseado em elementos
fundamentais: sistemas simbólicos, nas dimensões particulares como fé, institucional,
ritualista, na religiosa e ética, e as funções religiosas.
De acordo com Giovanetti
(2004), o psicólogo deve ter no seu horizonte dois aspectos. Primeiro a clareza
sobre o que vai observar na estrutura e na função interna da religiosidade
individual. Sendo assim o psicólogo deve ter uma compreensão das tradições
religiosas. Procurar ter um conhecimento dessas tradições religiosas é decisivo
para que o profissional da Psicologia consiga entender como o religioso permeia
toda a organização da vida pessoal de seu cliente. Esse, talvez, seja um
desafio gigantesco para aquele profissional que no seu período acadêmico
ignorou o papel da religião na vida humana, e mais: adquiriu a convicção, por
meio da adesão às mais modernas teorias psicológicas, de que a vida não possui
uma dimensão de transcendência.
Referência
BRUSTOLIN, Leomar A., Religião e Cultura (s/d).
Nenhum comentário:
Postar um comentário